Ao longo do ano letivo de 2016-2017, nas duas escolas básicas e secundárias do Agrupamento de Escolas Sidónio Pais, concelho de Caminha, dezenas de alunos do 9º ano de escolaridade, distribuídos pelas quatro turmas da escola-sede e três turmas da EBS do Vale do Âncora, enquadrados pelos seus professores de História — Giselda Oliveira, Rosa Lopes e Adão Jorge Baptista — ficaram a conhecer mais de perto os contextos e acontecimentos da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), cujos 80 anos se assinalam pelo especial impacto que este grande conflito no país vizinho teve em Portugal, no Alto Minho e no território de Caminha em especial. Participaram no concurso escolar sobre esta temática 114 alunos do 9º ano, organizados em 25 grupos, recebendo merecidos prémios oferecidos pelo município os autores dos melhores trabalhos — selecionados por um júri constituído pelos professores Joaquim Félix e Rui Costa e Dr. João Pinto, em representação da Câmara Municipal de Caminha, que valorizaram a recolha de testemunhos locais sobre os tempos da guerra (ver outra notícia) . Todos estes alunos tiveram oportunidade de realizar na manhã do dia 28 de abril uma visita de estudo a Camposancos — na ida de autocarro, no regresso de ferryboat — onde conheceram, com a ajuda das explicações do Professor Xosé Manuel Malheiro Gutiérrez (Universidade da Corunha), os locais mais diretamente relacionados com o conflito e a repressão franquista, como o Campo de Concentração, no antigo colégio jesuíta da Pasaxe, e o Memorial da Fossa Comum, no cemitério de Sestás (A Guarda). Também é de destacar, pela sua criatividade e originalidade, o trabalho plástico de recreação da “Guernica”, a famosa tela de Pablo Picasso, realizado pelas turmas do 9ºano da EBS do Vale do Âncora, orientadas pelo professor de Educação Visual, Francisco Vitoriano.
Após a exibição do filme “Por Quem os Sinos Dobram”, de Sam Wood (EUA, 1943), baseado na obra homónima de Ernest Hemingway, na noite de 28 de abril — enquadrada pela equipa do Plano Nacional de Cinema do agrupamento, coordenada pelo professor José Araújo, que contou com a colaboração de Joaquim Diabinho — o dia de sábado, 29 de abril, foi reservado a um colóquio realizado no Teatro Valadares, a que assistiram muitos professores em formação e outros interessados, destacando-se a significativa presença do alcaide de A Guarda, António Lomba. Aberta a sessão pelos organizadores do evento — Miguel Alves (Presidente da Câmara Municipal de Caminha), Maria Esteves (Diretora do Agrupamento de Escolas Sidónio Pais) e Jorge Oliveira Fernandes (Diretor do Centro de Formação Vale do Minho) — houve oportunidade ao longo da jornada da manhã de ouvir comunicações dos historiadores Fernando Rosas (“Portugal e a Guerra Civil de Espanha”), Xosé Manuel Malheiro Gutiérrez ("Contra os libros e contra os mestres: formas de represión na guerra civil e no primeiro franquismo") e Paulo Torres Bento (““A Guerra Civil da Espanha foi a pior coisa do mundo” - O concelho de Caminha e o Alto Minho ao tempo do conflito de 1936-1939”). Da parte da tarde, foi exibido o notável documentário galego “Memorial de Camposancos” (2007), apresentado por um dos seus realizadores, José (Pepe) Ballesta, seguindo-se um debate alargado à assistência com que se encerrou o evento que se espera tenha contribuído para que não se perca, em Portugal e na Galiza, a memória dos tempos terríveis da Guerra Civil de Espanha.