Palestra sobre "Felizmente há luar!"

Palestra sobre "Felizmente há luar!"

Esta quarta-feira, a Professora Doutora Ana Lúcia Curado, da Universidade do Minho, proferiu uma palestra, na EB 2,3/S de Caminha, sobre o livro Felizmente Há Luar (1961), de Luís de Sttau Monteiro. Os destinatários foram os alunos do 12ºano e algumas das professoras de português da Escola, uma das quais, a professora Cristina Pereira, acompanhou, na mesa, a palestrante. Começando por mostrar uma fotografia do Teatro de Epidauro, Grécia, construído na primeira metade do século IV a.c, debruçou-se sobre a origem e a função do teatro clássico, afirmando que os nossos antepassados gostavam de assistir a espetáculos que, através da palavra, os levavam a refletir sobre as vicissitudes da condição humana e que o teatro clássico grego ainda hoje permanece em cena na Europa, adaptando-se ao público atual, uma vez que as peças e os temas são intemporais. Relativamente ao teatro português, mencionou Bernardo Santareno, contemporâneo de Luís de Sttau Monteiro, referindo que ambos são figuras do pós-guerra, marcadas pelos conflitos mundiais do século XX. Apresentou, de seguida, sucintamente, a biografia de Luís de Sttau Monteiro. Realçou o facto de o dramaturgo possuir uma posição crítica sobre os assuntos internos portugueses, uma visão de estrangeirado, numa época em que o Povo, em geral, se encontrava distanciado, alheado da política por se viver em plena ditadura salazarista. Passou, então, à análise da obra” Felizmente Há Luar”, explicando que, consciente da dificuldade de abordar a repressão política sem que isso se tornasse evidente, o escritor elege como personagem central uma figura do século XIX, o general Gomes Freire de Andrade, (1817), contando-nos a sua história trágica numa peça em dois atos, muito simplificada, onde as palavras, o guarda-roupa e a posição da luz são medidas ao milímetro para que a mensagem chegue rapidamente ao público e/ou ao leitor. Na senda de Pirandello, Brecht e Piscator, seus contemporâneos, Sttau Monteiro inscreve-se no denominado teatro intervencionista, teatro didático, político e “épico”. O tema de Felizmente Há Luar pretende trazer legitimidade para que o Povo reaja.