Por iniciativa das Bibliotecas Escolares e do Departamento de Ciências Sociais e Humanas do Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Caminha (equipa do Museu Municipal) e do Jornal Digital Caminh@2000, foi apresentada em Caminha na passado dia 17 de novembro a "Associação para a Recuperação da Memória Histórica do Campo de Concentração de Camposancos e da Fossa Comum de Sestás", um coletivo recém-fundado no município galego vizinho de A Guarda com o objetivo de preservar a memória histórica da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), particularmente do Campo de Concentração mantido pelos franquistas no edifício do antigo Colégio Jesuíta da Pasaxe, onde estiveram presos entre 1937 e 1941 milhares de prisioneiros (socialistas, comunistas, radicais de esquerda, anarquistas, democratas de várias tendências), 159 deles executados após julgamentos sumários, apenas pelo "crime" de defenderem o legítimo regime republicano e o governo da Frente Popular eleito — os restos mortais de 49 dos fuzilados estão depositados na Fossa Comum de Sestás, no cemitério civil de A Guarda.
Estiveram presentes na mesa da sessão realizada no auditório do Museu Municipal de Caminha, a que assistiram muitos professores e outros interessados, Uris Guisantes, historiador guardês, José Manuel Domínguez Freitas, ex-alcaide de A Guarda e presidente da Associação e o professor de História do Instituto de Ensino Secundário A Sangrinha, Javier Crespo, autor de uma Unidade Didática que pode ser um bom auxiliar pedagógico para os docentes portugueses, sobretudo do Alto Minho, incluirem nas suas planificações do ensino da Guerra Civil de Espanha — constante dos programas curriculares do 9º ano de História, 11º de História da Cultura e das Artes e 12º ano de História A — a temática da repressão fascista durante e nos anos seguintes ao conflito na Galiza, onde funcionaram onze campos de concentração, entre os quais o de Camposancos, mesmo defronte da vila de Caminha.
Recorde-se que no ano letivo de 2016-2017, no mês de abril, no contexto da realização em Caminha de um colóquio que assinalou a passagem dos 80 anos da Guerra Civil de Espanha, coorganizado pelo Agrupamento, a Câmara de Caminha e o Centro de Formação Vale do Minho, os alunos do concelho que então frequentavam o 9º ano, acompanhados pelos seus professores e outros caminhenses, tiveram a oportunidade de atravessar o rio Minho de ferry-boat para conhecerem o velho edifício do Colégio da Pasaxe (hoje demasiado degradado para poder ser visitado em segurança) e, de seguida, percorrerem a pé o caminho até ao cemitério civil de A Guarda, para verem a Fossa Comum onde estão sepultados os injustiçados, entre os quais um de nacionalidade portuguesa.
